O CÉU É O LIMITE. Equipe de Aerodesign da UFBA faz sucesso em torneios dentro e fora do país.

por | 26 abr 2025 | ARTIGOS

Foto: Divulgação

Depois do tricampeonato nacional conquistado no ano passado, e da consagração como cam peões mundiais nos EUA, em março de 2024, a equipe Axé Fly de Aerodesign, da Escola Politécnica da Universidade Federal da Bahia (UFBA), volta a participar do mundial com chances de conquistar um novo título. A competição acontece no próximo mês de abril.


A equipe é formada por 20 estudantes de diferentes engenharias, incluindo Mecânica, Elétrica, Química, da Computação e de Produção. O estudante do 5º semestre de engenharia mecânica, André Ramos, de 22 anos, é um dos membros desse time. Ele salienta que no aerodesign o avião é completamente projetado, do zero, pelos estudantes.

Foto: Gerson Fujik

Já na SAE AeroDesign East, realizada em março de 2024, em Lakeland, EUA, além do inédito 1º lugar, o time também se destacou em outras três categorias. Ou seja, os estudantes abocanharam o 2º lugar na Competição de Voo, 3º lugar no Relatório Técnico e 4º lugar na Apresentação Oral. Com esse histórico, as expectativas para edição 2025 do certame são elevadas.

“As conquistas de 2024 foram um feito histórico para a Bahia e para a UFBA”, avalia ao comentar a participação da Axé Fly no campeonato brasileiro da categoria. Na SAE Brasil Aerodesign, competição, que acontece anualmente em São José dos Campos, São Paulo, o grupo conquistou o tricampeonato consecutivo (2022, 2023 e 2024) em novembro do último ano.

Ramos destaca que a Axé Fly conta com mais de 20 anos de história, e que a conquista dos três campeonatos brasileiros representou a realização de um sonho para todos que se dedicam ao projeto. “Mesmo sem um curso de Engenharia Aeronáutica, ou Aeroespacial, na Bahia, e atualmente, enfrentando diversas limitações, sempre buscamos alcançar o pódio. Com esforço e dedicação, nossos resultados têm sido cada vez melhores”, celebra.

Rumo a Los Angeles

Justamente por terem sido campeões nacionais em 2024, a equipe representará novamente o Brasil na SAE AeroDesign West, que acontece desta vez
em Los Angeles, EUA, no próximo mês
de abril. A competição internacional tem o mesmo objetivo da nacional: projetar, modelar e construir uma aeronave cargueira rádio-controlada capaz de carregar o maior peso possível.

No entanto, existem algumas restrições de materiais, como a proibição do uso de compósitos. Além disso, o regulamento permite aeronaves maiores, podendo chegar a até 4,5 metros de envergadura. O desenvolvimento do último projeto e a rotina de estudo e produção é definida após a liberação do regulamento pela comissão da competição. A equipe analisa e testa diferentes conceitos de aeronaves. Assim que definem o conceito final, modelam a aeronave em softwares de modelagem 3D e realizam simulações para validar o desempenho.

Foto: Gerson Fujik

A construção acontece de forma contínua, com reuniões de alinhamento semanais, presenciais e online. Durante a semana, nos intervalos das aulas, os membros vão à oficina trabalhar na montagem e aprimoramento da aeronave. Um desses alunos é Caio Lessa, de 20 anos. Ele integra a Axé Fly há dois anos, e, assim como André Ramos, também cursa engenharia Mecânica. Ele conta que atua no subsistema de Estruturas & Ensaios Estruturais, responsável por determinar os materiais e geometrias das estruturas. Em termos menos técnicos, essa parte tem a finalidade de deixar o avião leve.

“Todos os integrantes têm a responsabilidade de construir os aviões e escrever relatórios técnicos sobre o projeto. Então, minha colaboração consiste em construir, e escrever sobre as análises estruturais que realizei ao longo do ano”, acrescenta.

Lessa avalia que, além de ser prazeroso aprofundar-se na engenharia Aeronáutica, fazer parte do grupo contribui para ampliar seus conhecimentos de física e matemática. Lessa explica também que a convivência com colegas mais velhos e experientes consequentemente o coloca em contato com documentos, vídeo aulas e livros, entre outros materiais, que ajudam a acelerar seu desenvolvimento acadêmico. “Apesar de eu ser do quarto semestre, já tenho um conhecimento em aeronáutica, mecânica e softwares que foge da sala de aula, o que é de gran de ajuda para meu ingresso na área de trabalho”, destaca. Parte da equipe
que foi campeã mundial em 2024, ele demonstra empolgação com a expectativa de defender um novo título em Los Angeles. Lessa conclui se dizendo orgulhoso de ser baiano e do foco de seus companheiros nessa meta. 

Como fazer parte

Para ingressar na equipe Axé Fly de Aerodesign é necessário estar matriculado na UFBA em um dos seguintes cursos: Engenharias, Física ou Bacharelado
Interdisciplinar em Ciência e Tecnologia (BIC&T). Todo semestre, é realizado um processo seletivo composto por três fases: dinâmica em equipe, entrevista individual e processo trainee.
Os candidatos aprovados nessas etapas estão aptos a fazer parte da equipe.

O grupo conta com patrocinadores, que apoiam a iniciativa com recursos financeiros e materiais. Além disso, ao longo do ano, são realizadas campanhas de arrecadação de fundos para cobrir custos adicionais, através da venda de rifas e de vaquinhas, por exemplo. Embora a UFBA também dê suporte institucional, a maior parcela dos custos das competições nacionais e internacionais, como passagens e hospedagem, ficam principalmente por conta da equipe — às vezes, dos próprios membros.

“As conquistas de 2024 foram um feito histórico para a Bahia e para a UFBA” avalia. – André Ramos, estudante do 5º semestre de engenharia Mecânica.

  • Fonte: CREA, Salvador, BA, v. 41, n. 87, primeiro trimestre de 2025 

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