Maioria dos acidentes com elevadores poderia ser evitada com manutenção correta, defendem especialistas.
A segurança de elevadores é es sencial para usuários de edifícios residenciais, comerciais e industriais. Em artigo publicado pelo veículo “Elevador Brasil”, no início de fevereiro, Carlos Eduardo dos Santos, engenheiro Mecânico e de Segurança do Trabalho, compartilhou um levantamento da quantidade de acidentes envolvendo esses equipamentos de transporte no Brasil. Segundo ele, o país terminou 2024 com 58 ocorrências registradas, 40 mortes e 108 pessoas diretamente envolvidas.

Imagem: Freepik
As principais causas dos acidentes que ocorrem em elevadores, segundo os engenheiros Mecânicos Danilo Barreto e Roberto Werneck, têm origem no tempo reduzido para realização dos serviços de
manutenção, na ausência de qualificação da mão de obra e na discrepância existente entre a quantidade de técnicos especializados e elevadores a serem inspecionados, sem contar a alta rotatividade dos contratos de manutenção. Além disso, eles citam a instalação inadequada das máquinas e a falta de conhecimento sobre a operação e manutenção adequadas por síndicos ou administradores dos prédios.
Os especialistas destacam a importância de planejar a revisão anual de cada elevador, discriminando quais itens devem ser verificados e testados, bem como em quais frequências — mensal, trimestral, semestral ou anual. Esse cronograma deve incluir, ainda, manutenções preventivas todo mês, bem como testes nos freios de segurança e limitador de velocidade, evitando-se, assim, a ocorrência de queda livre.
Nesse contexto, a emissão do Relatório de Inspeção Anual (RIA), por um profissional devidamente registrado no Conselho Regional de Engenharia e Agronomia da Bahia (Crea-BA), é imprescindível. O documento, produzido após a vistoria técnica anual, vai identificar situações quem se constituem em potenciais riscos e seus níveis de gravidade onde é possível estabelecer o cronograma de prioridade de atuação.
Outros fatores que influenciam na frequência da manutenção são a periodicidade de uso, idade, condições ambientais e tecnologia do aparelho. Assim, elevadores mais antigos; usados em mais intensidade (como os de hospitais, shoppings ou edifícios comerciais); ou expostos a condições adversas de umidade e poeira, bem como temperaturas extremas, precisarão de atenção com maior regularidade. Tanto Danilo Barreto, que também é membro da Câmara Mecânica do Crea-BA, quanto Werneck salientam ainda a importância de manter um registro detalhado de todas as manutenções e inspeções realizadas ao longo do tempo.
Responsáveis
No Brasil, a fiscalização da segurança dos elevadores é regulamentada por normas técnicas e legislações específicas, como as normas elaboradas pela Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT) — recentemente atualizadas —, leis municipais e estaduais. No entanto, os engenheiros avaliam que ainda há desafios significativos indicando que a fiscalização pode não
está sendo suficiente. Da mesma forma, eles destacam a falta de uniformidade nos procedimentos, recursos insuficientes e a presença de elevadores antigos.
Barreto e Werneck explicam que a manutenção dos elevadores é uma responsabilidade compartilhada entre uma série de atores. Entre eles, estão as empresas de manutenção especializadas (que executam o serviço); síndicos ou administradores (responsáveis pela gestão do imóvel e contratação da revisão); profissionais credenciados (que realizam as inspeções técnicas); proprietários ou moradores (no uso correto do elevador e comunicação de problemas detectados); órgãos fiscalizadores (que fazem as normas serem cumpridas); fabricantes (que devem oferecer suporte técnico e peças); e seguradoras (responsáveis pela cobertura de riscos).
Os especialistas defendem que seria essencial adotar algumas medidas para aprimorar a segurança dos elevadores no Brasil. Eles citam ações como a criação de uma legislação nacional unificada, modernização de equipamentos obsoletos, capacitação de técnicos e conscientização de usuários. Para eles, essas atitudes ajudariam a reduzir acidentes, garantindo o funcionamento de elevadores mais confiáveis e seguros.
No Brasil, a fiscalização da segurança de elevadores é regulamentada por normas técnicas, como as elaboradas pela Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT), e legislações específicas: municipais e estaduais – Danilo Barreto e Roberto Werneck, Engenheiros Mecânicos
Alertas
A dupla também cita uma série de sinais que identificam problemas no funcionamento dos equipamentos, e que usuários devem ficar atentos no cotidiano. Nesse sentido, sons como rangidos, estalos ou batidas podem indicar desgaste em cabos, rolamentos ou guias. Já zumbidos e chiados podem sugerir problemas no motor ou no sistema elétrico. Trepidações, bem como solavancos e movimentos bruscos podem significar que há algo de errado nos cabos, freios ou sistema de nivelamento.
Paradas repentinas, por sua vez, sinalizam eventuais falhas no sistema de freio ou no controle de velocidade. Da mesma forma, se as portas não trancarem completamente, demorem muito para fecharem ou abrirem sozinhas, o sistema de controle ou sensores podem não estar funcionando como deveriam. Esse último componente, inclusive, também pode ser o responsável pelo elevador não parar nivelado com o andar, ou levar o usuário para um andar não requisitado.
Luzes que piscam, ou se apagam, podem apontar para o mal funcionamento elétrico ou da fonte de alimentação. Já cheiro de queimado pode ser sinal de superaquecimento de componentes elétricos ou mecânicos. Mas, se o problema for a demora excessiva do elevador para atender a uma chamada, o sistema de controle, ou a programação, pode estar por trás disso. Caso o alerta de sobrecarga emita sinais mesmo sem estar cheio, o sistema de medição de peso possivelmente não está funcionando bem.
Por fim, a presença de água ou umidade excessiva indicam vazamentos que podem danificar componentes elétricos e mecânicos. Ao verificar que uma dessas situações está acontecendo, é importante reportar a situação à administração do prédio ou à empresa responsável pela manutenção do elevador imediatamente. Nesse meio tempo, os especialistas indicam evitar o uso do equipamento. Em caso de pane ou falha, o interfone deverá ser usado para pedir ajuda. Por isso, é indispensável assegurar que o sistema de comunicação interna do elevador ou alarme de emergência esteja funcionando. As principais causas dos acidentes que ocorrem em elevadores, segundo os engenheiros Mecânicos Danilo Barreto e Roberto Werneck, têm origem no tempo reduzido para realização dos serviços de manutenção, na ausência de qualificação da mão de obra e na discrepância existente entre a quantidade de técnicos especializados e elevadores a serem inspecionados, sem contar a alta rotatividade dos contratos de manutenção. Além disso, eles citam a instalação inadequada das máquinas e a falta de conhecimento sobre a operação e manutenção adequadas por síndicos ou administradores dos prédios.
- Fonte: CREA, Salvador, BA, v. 41, n. 87, primeiro trimestre de 2025